sábado, março 31, 2012

Resenha: A Estratégia da Lagartixa, Uma viagem pelos bastidores da medicina - Dário Vianna Birolini

Esse livro de título curioso foi escrito pelo cirurgião Dário Vianna Birolini. A primeira vista parecem causos contados em uma ordem cronológica desde a entrada de um jovem na faculdade de medicina até depois da sua entrada no mercado de trabalho. Embora escrito em primeira pessoa, o autor avisa que não se trata de uma obra autobiográfica, mas composto de histórias tanto que viveu quanto que ouviu de várias pessoas.

Porém, a exposição de eventos desconexos tornaria a narrativa muito enfadonha. Assim, pensei em escrever, em sequêmcia cronológica, sobre a formação e o dia a dia de um médico, enquanto relato um pouco a nossa rotina, tantas vezes imaginada de forma diferente, romântica.

Na Introdução, é mostrado o motivo do título e o objetivo do livro: desmistificar a imagem infalível e super heróica do médico.

Desculpe-me, leitor, mas pretendo decepcioná-lo contantemente.
Sabe aquele médico de família excelente, solícito e que sempre acerta? Ele também já teve o seu primeiro paciente. Sofre as angústicas, dúvidas, medos e fraquezas do nosso dia a dia. Engana-se. Fica doente, alimenta-se e possui as mesmas necessidades fisiológicas que todos nós.

Mostrando que médicos, como todo ser humano, podem errar, ficam doentes e, pasmem, se cansam e precisam dormir - inclusive nos plantões.

A escrita é leve, bem humorada e não tem uso de jargões médicos. Nesse tom, traz reflexões importantes ao longo do caminho sobre a formação médica, as novas faculdades de medicina, a exploração da medicina e convênios por vezes parecendo sabotar a atuação médica, a diferença entre complicação e erro médico, o surgimento da medicina defensiva.

O livro é simplesmente uma delícia de ler, e certamente não vai agradar apenas a quem é da área médica.

Deixo algumas citações só para dar um gostinho:

[Bandejão Lavoisier] Brincávamos que os cozinheiros eram adeptos da teoria de que nada se perde e tudo se transforma, principalmente quando o cardápio da semana incluía, consecutivamente, bife, estrogonofe e carne moída...

Nunca me deixariam picar a primeira veia numa criancinha ou em alguém fazendo quimioterapia. Como eu não possuía a habilidade daqueles auxiliares que acham veia até em orelhão telefônico, me indicaram um senhor que possuía vasos extremamente dilatados e visíveis.

Quando solicitamos uma pizza e ela demora a chegar, esfria e acaba com nosso prazer de comê-la quentinha. Entretanto, quanto mais rápida ela chegar, maiores serão as chances de o entregador cometer maluquices no trânsito e recebermos uma "meia oito queijos e meia sem recheio". Também detestamos isso.

-Todo dia morre um motociclista e se quebram outros tantos, mas sempre, sempre a culpa é de uma mulher que os fechou!
Independentemente do tipo de acidente, a culpa nunca é deles. Outra pergunta que faço é se, apesar de terem sido fechados pela tal mulher hipotética, estavam dirigindo muito rápido ou de forma imprudente
A resposta é uma negativa em 100%. Fantástico! Tudo indica que, ao contrário do que eu imaginava, os acidentes só ocorrem com motobóis prudentes e vagarosos em razão de mulher barbeira?

As pessoas precisam tomar cuidado com essa associação [o que é natural é bom]. Cocaína, tabaco e fezes têm origem natural, mas, se ingeridos, fazem mal. E qual água é mais saudável: a dos rios ou a engarrafada? De vez em quando é preciso refletir.

sexta-feira, março 23, 2012

Encomenda

Desejo uma fotografia
como esta - o senhor vê? - como esta:
em que para sempre me ria
com um vestido de eterna festa.

Encomenda - Cecília Meireles

quinta-feira, março 22, 2012

Pata da Gazela - Citação [3]

Ocupada em dispor as xícaras para enchê-las, os gestos sempre macios da moça revelavam uma certa crispação nervosa.

A Pata da Gazela - José de Alencar

terça-feira, março 20, 2012

Sobre Histórias de Fadas - Citação [8]



São precisamente o colorido, a atmosfera, os inclassificáveis detalhes individuais de uma história e, acima de tudo, o teor geral que dotam de vida os ossos não dissecados do enredo, que realmente fazem a diferença.

Sobre Histórias de Fadas - J. R. R. Tolkien

quinta-feira, março 15, 2012

Eragon - Citação

Um feixe de luz solitário caía sobre ele, iluminando partículas de poeira douradas que flutuavam no ar.

Eragon - 1º volume do Ciclo da Herança
Christopher Paolini


Imagem retirada de: http://hypescience.com

terça-feira, março 13, 2012

Sobre Histórias de Fadas - Citação [7]

Primeiro de tudo: se forem escritas com arte, o valor primordial das histórias de fadas será simplesmente aquele valor que, por ser literatura, compartilham com outras formas literárias. Mas as histórias de fadas também oferecem, em grau ou modo peculiar, estas coisas: Fantasia, Recuperação, Escape, Consolo - todas elas coisas de que as crianças em regra precisam menos do que os mais velhos. Hoje a maioria delas é muito comumente considerada nociva para todos.
Sobre Histórias de Fadas - J. R. R. Tolkien

terça-feira, março 06, 2012

Sobre Histórias de Fadas - Citação [6]


O consolo das histórias de fadas, a alegria do final feliz, ou mais corretamente da boa catástrofe, da repentina “virada” jubilosa (porque não há um final verdadeiro em qualquer conto de fadas), essa alegria, que é uma das coisas que as histórias de fadas conseguem produzir supremamente bem, não é essencialmente “escapista” nem “fugitiva”. Em seu ambiente de conto de fadas - ou de outro mundo - ela é uma graça repentina e milagrosa: nunca se pode confiar que ocorra outra vez. Ela não nega a existência da discatástrofe, do pesar e do fracasso: a possibilidade destes é necessária à alegria da libertação. Ela nega (em face de muitas evidências, por assim dizer) a derrota final universal, [...]

Sobre Histórias de Fadas - J. R. R. Tolkien

segunda-feira, março 05, 2012

Senhora - Citação [3]

Bem reconheço a mão de Aurélia. Sinto o aroma que exala da sua beleza.

Senhora - José de Alencar

quinta-feira, março 01, 2012

A Viuvinha - Citação



As mãozinhas distraídas da menina roçavam apenas pelo teclado, fazendo soar uns ligeiros arpejos que serviam de acompanhamento a uma conversa em meia voz.

A Viuvinha - José de Alencar