– Não há problema! – digo logo, mostrando onde Tristão está estacionado.
Tento entrar nele da forma mais elegante possível. Não é uma proeza fácil. Entro com o traseiro primeiro, mas tenho dificuldades de enfiar as pernas para dentro. A perna direita fica enroscada em volta da esquerda, depois fica presa debaixo do pára-lama do carro e recusa-se a entrar no veículo.
– Só um minuto! – eu grito, tentando desesperadamente puxar a perna para dentro.
– O que você disse? – pergunta ele, contornando o carro e chegando ao meu lado.
– Eu disse que estarei pronta me um minuto.
Desejo ardentemente que ele volte para o lado do carona, onde vai se sentar. O que eu menos preciso agora é de platéia.
– O que você está fazendo? – ele pergunta sem entender nada.
– Estou tentando entrar no carro. —respondo de forma insolente, ainda lutando com a minha perna.
– É mesmo? – ele pergunta incrédulo.
Cerro os dentes e consigo dizer algumas palavras.
– Sargento-detetive Sabine, se o senhor... – Mas no meio da frase tento mais uma vez puxar a perna e de repente, PUMBA, o joelho bate com toda força na minha testa.
– Meu Deus! – ele exclama, agachando-se ao meu lado. – Você está bem? – pergunta, com um sorriso no canto dos lábios.
Esfrego a testa e fico pensando como conseguir fazer com que uma parte do meu corpo batesse na outra.
– Estou ótima!
– Você bateu com o joelho na testa! – Ele dá uma ênfase especial à palavra joelho, e continua com o seu sorriso sarcástico.
– Eu sei, não é tão fácil assim entrar neste carro, detetive. Por que o senhor não tenta?- Sorte de iniciantes. – eu digo. Calma, Hollly, calma. Isso é comportar-se com elegância? Ou pelo menos com naturalidade?
Faz-se uma pausa enquanto colocamos o cinto de segurança. Tenho vontade de esfregar de novo a minha testa, mas não quero chamar a atenção dele de novo.
– Agora vejo porque volta e meia você vai à Emergência.
Não me digno a responder.
– Como você está agora? – ele pergunta, sem tentar esconder o riso.
– Estou ótima, obrigada. – consigo responder cuspindo as palavras. Tenho fé em Deus que a pancada não vá deixar marca, para James Sabine não se referir outra vez ao incidente. Pego no volante com força, pedindo que Tristão não me faça uma falseta, engato a primeira e saímos. Em seguida dou uma olhada em volta para ver em que condição está o carro.
– Meu Deus! – digo, olhando para os pés desaparecidos de James Sabine debaixo de pilhas de lixo. Latas de refrigerante diet, sacos amassados de biscoitos e papéis de bala são visíveis por todo o lado. – Desculpe, eu nãotive tempo de limpar o carro. – digo, inclinando-me para tirar um pouco do lixo dos pés dele.
– CUIDADO!
Olho depressa, vejo que estou subindo no meio-fio e me desvio dele.
– Tudo bem. Sinceramente – ele diz tenso, sentando-se empertigado no banco. – É melhor você prestar mais atenção na direção.
Um Amor de Detetive
Sarah Mason