segunda-feira, agosto 29, 2016

Um Amor de Detetive - Citação [4]

Olho ansiosa pela janela. A multidão não parece diminuir. Acho melhor acender o farol do carro. Se ele vier para cá, posso dar o recado e me eximir dessa responsabilidade. Se me ignorar, pela menos posso dizer que tentei. Isso mesmo. É o que vou fazer, para não me culparem de nada depois.

Passo a perna por cima do freio de mão e me sento no banco do motorista. Como não sei qual é o botão do farol, começo a apertar todos os botões do painel. De repente, em meio ao silêncio relativo da hora do rush de Bristol, uma sirene de polícia entra em ação.       
Bem junto ao meu ouvido.

QUE MERDA! Eu quase morro de susto. Dou uma olhada em volta para ver se, por ironia do destino, outro carro de polícia apareceu por ali e estacionou ao meu lado fazendo aquele barulho horrível. Vendo que não há carro algum tenho de admitir que a sirene vem do carro onde estou sentada. Por que diabo um carro de policia sem emblema é equipado com uma sirene?

Merda, merda, merda. Como uma mulher possuída, começo a puxar e empurrar freneticamente todos os botões para fazer aquele barulho parar.

Acho que James Sabine deve ter ouvido. E todas as outras pessoas também. A multidão que estava até há poucos minutos em volta dos dois motoristas vira-se para mim estupefata. Os pedestres param e olham, as pessoas saem de casa e olham, e o sargento-detetive Sabine vem andando na minha direção.

Fico cada vez mais frenética. O limpador do pára-brisa liga e desliga. O farol acende e apaga. O rádio liga e desliga. James Sabine chega ao carro, abre a porta e entra. O barulho pára.
Fecho os olhos e mordo o lábio. Posso sentir seu corpo perto do meu. Posso sentir as ondas de fúria brotando de seus poros.

Um Amor de Detetive
Sarah Mason

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